domingo, 14 de junho de 2009

"Ter por quem nos mata, lealdade" ...

É só lembrar que a voz que te chama é a minha.
Veja você, como é que se pode parar para ouvir um som tão sufocado, tão pesado e amarrado pela dor?
Abraça esse ruído que te chama, gruda nele e o deixe te arrastar para o meu lado.
Cola nessa boca que te beija e não permita que se perca uma só gota de amor.
Muito perto, é possível tocar a pele com o olhar e perceber o quanto desperdiçou durante o tempo distante.
Agora não vai desistir. Fuja e voltará para o mesmo lugar.
Não tem tempo, não tem lugar, não tem circunstância menos apropriada para te dizer que as algemas são manifesto de domínio por obcessão, ou melhor, obcessão por domínio.
Prenda-se de modo que eu não possa libertar-te.
Precise de minha presença.
Agora é frio e silêncio, já tenho o que desejava...
Agora é escravo do meu pesar, já tenho castigo por amar e não quero que sare essa ferida.
O fogo arde, mas eu vejo.
A ferida dói e eu sinto.
Contento-me com este descontentamento.

...

Nada além de ti me faz vibrar com tal sofreguidão. Sossegue, conforme-se com o que eu te dou.
Estar sozinho é te deixar a me observar e provocar o seu derretimento, resultado de olhares tortuosos, perigosos... Movimentos, sons, cores, sabores e odores vão te atormentar.
É minha ordem. Se não ordenasse o faria mesmo assim.

6 comentários:

Diego Brito disse...

Lindo.
Verdade, minha escuridão não pode ser a luz de quem se ama. Meu medo de ser fraco, não pode ser usado como coleira.
Fazer sem esperar de volta, amar sem cobrar beijos, desejar na vitrine.

Anônimo disse...

Relações de dependência me incomodam.

thaic. disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
thaic. disse...

ao que parece, o pedro II dá asas
às pontas de lápis - ou aos dedos que digitam nos teclados.
adorei, parabéns (:

Jéssica Alfradique disse...

muito lindo!

Lorena disse...

cara, que lindo!
cheio de Camões por aqui, mas cheio de Legião, claro! SAUISHUAHSUUA