quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Resenha do filme "Nós que aqui estamos por vós esperamos"



“Nós que aqui estamos por vós esperamos” desperta o imediato interesse do espectador devido ao título ser tão intrigante. Nós quem? Vós quem? Esperando pelo quê e por quê? No decorrer do filme é difícil retomar este questionamento, pois se é instigado a refletir e pensar sobre as cenas que marcaram cada fase do século XX. Além, é claro, das frases e citações que se acoplam perfeitamente às imagens e sons, que garantem ao filme o poder de provocar sensações extremas em quem assiste com atenção.
O filme também fascina pela linguagem poética, que é extremamente sensível, humana, colocando-nos ainda mais dentro daquele turbilhão de acontecimentos, de forma que nos leva a perceber que somos de fato parte mais do que integrante na História da humanidade, somos fundamentais. As pessoas anônimas que aparecem no filme deixam isso ainda mais evidente. Cada vida conta a História, e não só mais uma estória, como na maioria das vezes pensamos. Imagens de pessoas simples, comuns, que não tiveram seus nomes registrados na “grande História oficial”, são as imagens mais fiéis e importantes para que hoje possamos entender o mundo como ele é. Mais do que isso, sabemos que seja lá o que façamos nos nossos tempos (ou simplesmente se não fizermos nada), será o suficiente para construir o que as futuras gerações viverão. Assim como todo sangue derramado e todos os sutiãs queimados definiram no século passado o que é o século atual.
Ao assistir ao filme, também me vieram à mente pensamentos acerca da forma com que levamos nossas vidas, ou a deixamos levar. Devemos escolher se queremos deixá-las nas mãos de outros para que, covardemente, tentemos escapar da responsabilidade de decidir o que fazer com ela ou, se queremos assumir as nossas próprias vidas e com isso, também tomar nas mãos os rumos da nossa história, afinal, é cada história individual que constrói a História verdadeira da humanidade (e vice-versa).
Com o documentário ficou mais fácil notar como não é só um pequeno grupo de homens poderosos que determina os fatos com os quais a humanidade tem de conviver até hoje, como as guerras, por exemplo. Não podemos criar homens-mito, heróis ou vilões. É claro que, certos personagens merecem ser lembrados, porém para que hoje exista esse reconhecimento, no passado houve um conjunto de fatores que propiciaram o destaque destas pessoas. Os chefes de Estado, ditadores, não causaram a morte de milhões de pessoas através unicamente do poder que possuíam. Todos os acontecimentos históricos foram construídos por todos os homens, lembrados ou não.
No fim do filme, com o passeio pelo cemitério, voltamos a pensar sobre o título da obra, porém agora já inundados pelo conjunto de efeitos que só a linguagem cinematográfica é capaz de causar. Certamente toda a emoção dos flashes, dos sons, das frases, adubou nossas mentes para que entendêssemos o motivo da escolha deste nome para o filme. Creio que cada um de nós tenha chegado às suas próprias conclusões, mas que de uma forma ou de outra, todos entenderam que aquelas pessoas que aparecem no filme, fizeram o século XX, deixando o mundo para nós assim como nós o recebemos. E que, estas pessoas já morreram. Isso significa que é a nossa vez, e que, brevemente, estaremos junto deles, mortos. Diante dessa “missão” é que enfrentamos o mundo, querendo ou não, definindo o que vamos deixar para o “vós” que esperaremos.

4 comentários:

Anng disse...

Amei o blog.
Estou seguindo já ok.
Se quizer passar la no meu blog ficarei feliz.
Beijos querida

Anng disse...

Tem um selo pra você no meu blog querida.
Beijos

Ju Fuzetto disse...

Coisa mais linda esse blog!

beijocas

Mariana disse...

Esse filme é muito cruel. Assisti tem um tempinho já.