Seria difícil para mim encontrar noutros versos - mesmo que sejam meus - melhor explicação e mais completo retrado de mim nos últimos tempos. Tenho muito a dizer, mas tenho evitado arriscar. Muitas palavras misturadas a sentimentos indesejados agora me perseguem e eu queria te dizer isso, de alguma forma eu queria que você me entendesse, que a gente se entendesse... Mas não há forma nova de dizer o que eu já disse de tantas formas ontem, hoje e sempre... Eu te amo, não que eu queira, mas eu amo.
"Fiz de mim o que não soube
E o que podia fazer de mim não o fiz.
O dominó que vesti era errado.
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho,
Já tinha envelhecido.
Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado.
Deitei fora a máscara e dormi no vestiário
Como um cão tolerado pela gerência
Por ser inofensivo
E vou escrever esta história para provar que sou sublime."
Álvaro de Campos
"Fiz de mim o que não soube
E o que podia fazer de mim não o fiz.
O dominó que vesti era errado.
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
Quando quis tirar a máscara,
Estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho,
Já tinha envelhecido.
Estava bêbado, já não sabia vestir o dominó que não tinha tirado.
Deitei fora a máscara e dormi no vestiário
Como um cão tolerado pela gerência
Por ser inofensivo
E vou escrever esta história para provar que sou sublime."
Álvaro de Campos
Um comentário:
Minhas fases são meio cíclicas. Às vezes eu penso que Tabacaria foi feito pra mim. Mas aí, em seguida, eu penso em "Os ombros suportam o mundo", de Drummond. E isso se repete.
Agora saiba: Drummond disse que os ombros sumportam o mundo. E você tem quatro ombros: os meus e os seus.
Beijos.
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