sábado, 26 de dezembro de 2009

11:11

Quando acordou obedeceu ao seu impulso diário, ainda com os olhos abrindo e o corpo lento, esticou o braço com preguiça, aproveitando para se esticar, e pegou o celular para olhar as horas. Pela terceira manhã seguida acordara exatamente às 11:11.

Riu de si mesma por ter deixado passar por sua cabeça algo tão absurdo como a ideia de haver algum mistério naquele "sinal". Pensou em misticismo, em avisos do além, e outras crendices pagãs que haviam se tornado moda nos últimos tempos.

Haveria algum recado a ser enviado a ela? Logo a ela! Não era possível, era jovem demais e não correspondia nem às suas expectativas e planos mais simples. Queria apenas estar tranquila consigo mesma, mas essa coincidência numerológica não permitia que a paz habitasse plena em seu ser.

Um pingo de desespero e medo a assombrava quando estava se aproximando o sono. Temia que alguma responsabilidade fosse dada a ela. Não se sentia confiável o suficiente para "salvar a humanidade", por menor que fosse o ato que pensou ter sido planejado para ela realizar.

Ao mesmo tempo uma espécie de anjinho a perseguia e trazia sensações boas, pois a convencia por instantes sublimes de que ser escolhida é sinônimo de ser capacitada. Nesses momentos de euforia interna contida pela razão e pela dúvida, uma luz brilhava nos seus olhos e seu coração ficava leve como algodão.

Com o tempo não quis mais olhar a hora quando acordava, não quis mais reparar nas datas e outros números com os quais esbarrava por aí. Teve vontade de fugir daquele mistério, ou seja lá o que fosse... Estava realmente incomodada. Queria se sentir livre de novo.

Livre e vazia. Vazia sim, sem desejos ou ambições - mesmo que desconhecidas.
Será que um dia descobrirá do que se tratavam tais números? Será que não se tratavam de nada? Será que o poder de sua mente - no qual depositava quase toda sua pouca fé - estava manipulando seu sono para que mantesse aquela interrogação em sua mente e a ocupasse de alguma forma? Estava querendo se sentir especial e desistiu porque é covarde? Será que é verdade mesmo? Será que existe resposta para alguma dessas perguntas? Será que há mesmo perguntas? Se não há perguntas, não há respostas. Será?

11 comentários:

carol costa disse...
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carol costa disse...

diferente dessa menina, eu ainda me prendo com os números iguais do relógio. sempre acho que tem alguem pensando em mim. me faz bem AHEUIAIEE e que fim filosófico. cheio de perguntas.. mt bárbara mesmo HAEUIAEUAA adoro seus textos. você sabe ;)

Mel. disse...

O tempo é uma das invenções mais loucas do ser humano. Nos prende, é certo, mas nunca devemos nos deixar levar por ele, pois limita a liberdade...


Ficou ótimo!!
um beeijo.

fatoSempalavras disse...

Huuuum...a começar que adoro números ímpar...e adoro números cruzados e iguais (11:11) =)



A menina, por alguns instantes pode ser achar uma "creep", mas ñ....sempre há explicação...talvez, a gente nunca ache explicação pra nada, mas as situações sempre podem exigir tudo de nós.né?

Incontáveis abraços....

Anônimo disse...

Cara, eu sou muito paranóica com números, ainda mais quando vejo repetidos assim, como no relógio. hahaha
Gostei do texto!
Boas Festas, Bárbara!
Beeijos.

Felipe Braga disse...

E será que a própria verdade está contida nas respostas, caso existam?

Muito bonito, Bárbara!
Cada palavra escria com uma maturidade incrível.
Gostei muito, mesmo.
Beijos.

Nívea Flor disse...

Aaaaaah mas eu amei esse texto!
combinou comigo, minhas manias e esquisitices.

Alem de, claro, gostar da meneira livre como suas palavras montaram o texto, leve e fresco pra se ler.


parabéns!
Nii Flor

Anônimo disse...

"ser escolhida é sinônimo de ser capacitada."

Por isso às vezes eu queria ser escolhida por algo invisível.

Marcelo disse...

quais as perguntas certas???

beijos

Juliana Dias disse...

Se soubermos um dia todas as respostas...Tudo perde a graça né?
bjs

Sarah Fonseca disse...

Já estive vendo horas, depois me revoltei com todos os sinais, hoje cai na tentação de novo.. é a vida.
Mas adorei o texto.