domingo, 24 de julho de 2011

Fleumático irreal

Ao levitar sobre a cidade, numa grande ave de motor, meu coração passou por fortíssimas turbulências pois era sinal de que haveria dor de distância a enfrentar. A cidade que me engolia e abrigava se tornava minúscula e as luzes artificiais acesas pelos seres que a habitavam assemelhavam-se a estrelinhas agrupando-se em constelações densas no espaço...
E aquele sinal voltou a se manifestar a cada quilômetro transcorrido em direção a uma cidade chamada saudade. Saudade fria, eu diria. A brisa gelada impedia o movimento natural dos dedos e, curiosamente, congelalam as retinas dos olhos da alma sobre outros olhos...
Cristalizaram-se certas palavras e sensações. Sensações e sentimentos, ou sentimentos e sensações, causa e efeito e vice-versa. Devaneios à parte...
O fleumatismo não se concretizou quando vieram à lembrança determinados odores, sabores... Ah como desejara esconder de mim mesma o que tentara enconder de outrem. Os que não me viam nem ouviam em lamento e choro poderiam imaginar através do olhar atento aos meus ombros caídos que algo me faltava.
Tempo tempo tempo tempo tempo... Comemora-se internamente cada hora passada.
Mais um chão de estrelas será visto, mas dessa vez à luz do sol, de quem também espera-se algum calor. Calor de outra fonte é mais essencial, juntamente à luminosidade incomparável necessária para a abertura do meu sorriso.

Um comentário:

fatoSempalavras disse...

Que esse fleumatismo que atinge o meu ser fique só em meus entimentos, ou em meus pensamentos, pois se resolver atacar em ambos ao mesmo tempo...vai ficar pior as coisas pra mim.

Vc, mesmo com o passar do tempo, não perde a lenidade ao nos remeter deliciosas escritas.

abçs.